Sonhos e Beijos, Azuis (para Nat)

Lábios azuis em noites breves

ouço o sopro do não da ferida
caço o silêncio que não durará
o lábio azul que já disse
para o olhos vítreos
para o azulejo tão pobre
reflexivo... não alcança nem a dor, nem a cor azul, da morte
água gélida ao som dos pingos
bebo sem saber mais um gole
a fumaça envolvente escolhe um modo
de não esconder essa fuga
a pele, mergulhada no ciclo para o primeiro sonho
sem margens, sem colagens, sem medo e se ainda é cedo para tanto
o que permanece, valerá o espanto
... sorrindo ...

esse fim de papo

Quer ser achado
adoidado!
aos mil e um sabores da inutilidade
inegável, aquele amasso do acaso
que se cola aos seus pés,

mascado, cuspido e escarrado.
me pisa qu' eu sei...

você, já larguei...

compartilhou depois leu
curtiu antes de saber
o que foi

na velocidade da luz que
ilumina a imagem
de um post

e meio que
pediu o isqueiro e
sem cigarros, lembrou

já larguei...

                  Celso Dias Furtado

A última chance

Aqui
até mim
chega uma mensagem,

em envelope
pardo-amarelado

fico quase da cor do susto
ou da re-
vira
volta,
na
sentença

pro-
ferida

pela
ex-

só abra

em presença
do remetente,
gentilmente,
por uma
ultima vez

dessa pessoa
que resvala o absurdo,
logo
um tempo depois,
depois de não abrir
aquela carta

recebo-
a
abriu-
se uma porta
pela audácia da ainda não
rasgada

a que espera
de mim
sem susto,
qualquer absurda palavra

presencio a hesitação,
em meu gueto
quase digo, também: mas...

nem digo, em compaixão
de mim: - oi
mais nada...

Então, com ela ao lado,
certo do em vão
abro o envelope,
escrito à mão

dentro:
uma passagem,
com data
local e hora
do avião

e o recado
entregue,
em mão própria,

do céu ao purgatório
me desaba...

será ainda assim?
a gente
não retorna
ao início dessa
confusão?

será possível
assim, que se
entornaria
com algum amor
o que não se
transbordou
com uma paixão?

penso: que fazer da última chance?
sinto: o quê você faria...
sim ou não?
foi nossa última lição

STOP! o ensaio

ser o morador de rua é para alguns,
uma tosse.
não será apenas de passagem,
parado aos meus pés calçados,
não será.

Não será
também para alguém
como as guimbas dos cigarros?
não é, para muitos... alguém
pessoa,
rara-

mente
veríamos,
mas se
não as pegam
com as próprias mãos
desejaria-se,
que estivessem
sobre outros olhos,
sobre outra repartição,
sem morador de rua
não há rima
possível
não se tornou bicho
o próprio bicho de rua
ainda que há quem jogue nele,
então jogue esse fácil capricho
no lixo, e salve o bicho!

ou antes se fizessem
do bicho homem um ser reciclável
muito trabalho para
os que a possuam,
as mãos e as guimbas
em mãos,
nesse Estado,
não necessariamente em sua ordem,
e nem iremos pensar que o estado ocioso não dê algum trabalho!

Respira-se fundo e vai-se aos pulmões
a sentença:

estas ruas estão carentes...
de "limpeza"

que
diga-se, de passagem

não é
para muitos,

a governabilidade

mas alguns ao dar esmolas tem mente limpa, e muita platéia e muitos votos...
de que: vá à merda! Saiam da estrada, que esta por mim será pavimentada!

Já, quanto a mim, que não costumo
pisar nesses seres, tão reis dos pedaços,
dos pedaços de cidade e de humanos,

ofereço bebidas por sinal logo de cara, e bem fortes!
desgovernados, façamos logo um coquetel à beira da estrada.

O sujeito me chega pedindo, pão? almoço? ir e vir?
meu irmão, você precisa é de cachaça!
A limpeza deveria ser tão ética, e etílica, que ninguém
deveria mais lustrar sapatos,
poderíamos andar descalços pelas ruas.
Num diálogo imaginário:

- À vontade, meu senhor?!
- Pois sim, te agradeço... os pés aos seus pés
- Como está o dia?
- continua lindo, com certeza. E o sr e sua sra?
- A patroa tá cuidando dos pivetes, estão por aí!
- Ei, é seu filho esse aí? isso tá com cara de craque!...
- me tira dessa! aqui nesta cidade tudo é compulsório -
ô, país do futebol, goleia! - chega de entrave!

Estão na cidade:
o pulmão de rua
o morador de rua
o craque de rua
e têm sido extintos pela competição desleal dos que aspiram
gasolina, diesel, álcool!?

tudo bem! muito bem.
os moradores também consomem, álcool, por exemplo.
Porém, eles simplesmente caem, depois.
Dá até para, desafogar as mágoas...


Vejam só, os motores por todos lados expiram nas ruas, estacionam nas calçadas.


não será
para alguém,
o consumo
de derivados
(lícitos ilícitos)
 e tusso e tusso e tusso
o que torna a vida da cidade um bicho
metálico que devora, e expele lixo
e mata animais?

morrem cães, homens, entre outros animais
perdoem perdoem e culpem os motores, pois
competem com os pulmões
competem com os moradores
competem competem competem
as ruas, as ruas se comprimem
ninguém mais se cumprimenta


Não seja injusto, essa cidade é tão educada!...
todos pagam impostos, propinas e multas.
É a civilidade mútua fazendo seu regime.


e... o que se opõe ao regime, nos faz ganhar
mais um morador de rua!

todos engarrafados,

...mas é um termômetro!
Ora, de quê?...

das condições de trabalho.
Trabalho sobre certas condições
de temperatura e pressão
desenvolve o progresso,
motor do sucesso e da sucessão,
de mais ócio, que ninguém abra mão.

são multidões das ruas,
os congestionamentos são grandes gulags,
é o lazer, mútuo prazer, estou de carro.

ou seriam em verdade
congesti-ornamentos?
línguas e mais línguas,
o som dos batidões,
costas quentes
línguas pavimentadas,
muito bem aquecidas.
Calor humano!

A cidade fica mais produtiva,
mais bela e poliglota,
e se entendendo,
com muitos
automóveis.

Mais profética,
vejam só

enquanto um diz:
 que calor!?

o outro:
STOP!



Araújo Roddriguez


top Hit


feliz
feliz
a
esmo
feliz
comédia
antes
fora!
feliz
tragédia
feliz em
feliz
ciano

sair
desse
pacto
ciano
celeste
ciano
profano

incompreensível
plano

contra
o feliz
ciano
só mesmo

algum
direito
humano
ruminando

usar
em favor
desse feliz
ciano
desbotado
desbocado
descuidado

alguma
chance
de papo
reto
denunciando

ciano
bento
ciano
lento
ciano
insista
em ser
exemplar

até
da
felicidade

devemos
abandonar
o plano

veto
ou
não veto?
seu jeito de
ser
se perpetuando?


ofereça-se
como troco
por esse troço
rudimentar
de representar
sem arte o

desconcerto
marco!

vem a
nuvem cinza
mas o sol
já seguirá
se espraiando
o ciano
será
riscado
pelas demais
cores
de um arco-íris
te propiciando...
amar
outro
e o
mesmo
sexo
a esmo por há nexo,
estamos trocando...

não
resista
a tentação
de tomar

cia
nu
reto

eu te defendo, nêgo!
deste mais outro engano...


Araújo Roddriguez


Rebuliço dos Ventos
(...to be continuous)

Passar............o....................................................................................................................................Vento
Passar...................o........................................................................................................................^Passar..................................o..................................................................................................._
Passar...............................................o.............................................................................
Passar.............................................................ô..............................................................v........................................................................................................................^
..............................................................................................ssar
.............................................................................................................O

Nice

folha em branco 
atire a primeira pedra 
de papel amassado
em quem nunca sempre jáinda
não escreveuver

Calar os pecados

Fizesse em mim um poema
e sem tira-la de suas roupas,
comprovasse a sua beleza...

assim, desvelaria você,
em "nossas" vidas,
o aparente desejo

nessa compostura?
tiraria eu de você,
as palavras?

Longe ainda, dura quanto?

o quanto for,
apodere-se
dos meus
sentidos
e não
sentidos

ainda, duram

olhares,
ouvidos,
lábios,
pegadas,

roube,
meu tempo
pra que
eu perca
não peço
nem preciso
apenas ganhar,
novamente

essas roupas pesadas

instale-se em
meu coração
como
sangue
em seu
curso

ainda, pulse


dai,
em diante,
espalhe-se em
meu corpo
como um,
e não outro,
vírus maltratado

ainda, misture

infeccione-me
os órgãos
caducos:

do desrespeito
do desamor
do desespero
do desengano
do desamparo

em lugar deles, doa-me

para que
desejando
alguma vida,
de forma
generalizada,

saiba disso
e que chova,

nossos vícios
nossos erros
nossos pecados
fiquem mesmo sem remissão
frente aos olhos alheios, desconsolados

mas, ainda
algo tateante
duvidoso
delirante
displicente

incida dessa nuvem cinza
atravesse o corpo pálido

amanhacendo
entardecendo
anoitecendo
madrugando

"em febre"
seja a premissa
para
notícias urgentes

fique, ainda

porém agora
perca tempo
para

o riso intenso
o choro com lugar
o abraço inacabável

ainda?
ainda dura, 
Longe é quanto?

a gente se
contaminar
com esse germe
tão indispensável
do cuidado

pra manter o estranhamento,
ainda, doentes

preservando alguma saúde
ao opor resistência 
a nossa performance

ainda, incuráveis

sem que jamais deixemos
de faze-la valer
o risco
de pulsar
corações

ainda, nus
mesmo, 
desencaminhados









RECusa

parece que alguém se ligou

Rec 
nesse nada de "week-end"

acidademepersegueof
isso tudo é um lixo on
cidadãos que de vez em sempre se dão
ao

não cheire
não ouça
não tropeça
não dar, de bobeira...
não dê o peixe
não ensine nada

sobrou um orfão
oh! cidadão

não eu esse
era outro
à porta de entrada

eu estava pelas ruas 
embromendo
comando

embromar é que eu saio daqui quando eu voltar
comendo a sedutora rua que do espetáculo só festejo o ensaio

sou o que sou
sou o gimba, sô
a recusa e o arrasto
sou traçado

a cidade me usa
a cidade e sua rua oblíqua
a cidade que me cruza
a cidade e seu prédio obtuso
a cidade abaixo da marquise se derruba
a cidade sanitária quer ser a proprietária

no entanto eu
uso a cidade
moleque disse
você é anagrama
sou uso - dedo lasco, deslocado, descolado, 

porém
acidadãsilenciou
sepassoubatidaof
esse cara é o lixo on

uma mosca pro
fere meu réquiem

rec-end
rap
are you, se ligou?


um Palhaço (para RAP)

o palhaço não sorriu
riu-se a platéia
sorriso nervoso
sorriso contido

onde nasce o palhaço?
no palco ou no pátio?
pelas veredas da cidade,
onde cruza-se com a platéia

e esta, afeita que é ao linchamento,
aplaudiu como sempre,

o cerco se deu na rua,
tropeçando sobre o ralo, já

.
do nariz se foi ao galo
cantando matutino a morte do palhaço
sobre paus e pedras
chute e farra

no jornal de feriado
pra quê, tanto estardalhaço?
sorriso libertário...

o palhaço roubou
o sorriso da criança
e a criança que cresceria urbana
jogando o nome do palhaço na lama,

não desejou ter cama, preferiu chão batido
enquanto a maquiagem
sangrada do palhaço
não fizesse jus ao seu apelido

palhaço arrelia
a criança relia o noticíário,
desletrada, só com a foto
estampada, a notícia abafava

o choro da criança
o riso da platéia
a latrina ensanguentadada
o galo altivo
enquanto cada galinha
cacarejava

com alguns AI's
o palhaço deu-se à última gargalhada.




onthepastense


acateiporcerto
ésérioéissonao~
%querosairileso
dosdesenganos
sejamelesdezou
apenasumplano
aindistinçãoentr

......................e

on.tem.se
onthepastense

a ficção e
a realidade
provoque
da perda
que soe
oscile o controle
pois
entre

o quero ou não quero
Queros 
totalmentejuntosenissoenc

araravidarasaarte
aartearasaavidatu
onthenpass
seja

eros
o tal




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