Papillon (para Michele Abreu)

A vida, à distância de um piscar de olhos.
Com passos sustenta o coração, em meio aos ossos.
Pisa por sobre o medo,  um abismo inteiro no peito
guardado. E a estes que de algum jeito ouvem cedo,


Pois não evitam o movimento, calados
rangem a ponte, cospem no sono, cansados.
Balançando-se ao sabor da brisa ou da tempestade,
enquanto a morte, verte em seu ventre a proximidade.

Segura na distração de uma cor, um buquê em flores, cintilante
a borboleta por segundos, há pouco a vi,  e já desencaminha...
O instante, do inclinar-se pela força do espaço, esvoaçante 
 ensina a verdade da queda, sem esconder o que se avizinha. 

Diz-se no rangido equilibrado, incrédulo, arrastado: cale! 
Tal vida e morte nos tocam numa só direção, há ribanceira.
Mudar, para durar tão pouco, por certo um dia, de quê vale?
Suspira e ao sentir o leve toque, desconcerto da faceira! 

Debruçada por sobre um sonho, assim pousada no ombro,
acolhe o impreciso, já que tudo que é breve mente, na decisão
Faça-se em nuvem um casulo cujo sentido seja nosso assombro.
és ti muda, noviça, sossega, o que resta? dá tua mão...





















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