Abecedário da dança (para Jô Conti)

A cada hora, sussurrar ao ouvido
madrugando em si uma letra que seja
Bela a um coro de sonhos, motivo
para esquecer o real que se almeja


Conduzir a substância do presente
para o corpo que se balança
Despertar de quem não cobra o ausente
e sim delira junto uma outra dança


Escolhidos os passos entre pétalas e espinhos
lançá-los ao longe, só grama
Fique simplesmente aos pés descalços, despidos
no pulsar do coração de quem ama


Girando para 24 sentidos de gravitação
colidindo: sonhos, realidade e imaginário
Haverá 365 dias num calendário
ao menos sobre 1 a cada 4 anos para a invenção 


Incêndio nos andares abaixo, estilhaçam desejos
capaz de por em tais tons de cinza e negro
Jamais outros, em rascunhos, cobiçariam realizá-lo
desobedecendo tantos outros planos
KundaliniKm, Kg, que seriam? se agora mesmo
nesse inventário de caos e harmonia


Libertar-se das amarras é estar vivo para com alegria


alimentar o tecido da música em solfejo
Minutos a mais em vida se ganham


nessa partitura que encanta, com fome e esbraveja


Negar a fé cega no óbvio, para não se ter mais certeza 
se seremos aos deuses o que um macaco, num realejo, é ao humano    


Ouvir ainda isso ou outra oitava do sopro, vertigem 
 queda, que nos definiria como profanos
Paixão que, na desequilibrada cobiça é a miragem
mas tem sede real e a chama, sem enganos 


Quiçá, faz nascer no solo algo que ama
por baixo e acima de si,  fugir cristalina da artimanha
Redefinir o eixo, o solo, o céu, a terra num rosto 
colidir os olhares, no realizado agora posto


Som de mais 7 horas ressurgidas no poema, assim
ou seriam 7 minutos, 7 segundos apenas?
 por 8 multiplicado, 48 horas, de mim e de ti 
o quê fechado nosso olhar encena?


Tímidas, as palavras entre arte e órbitas agitadiças


Usurpam da


Voz a cadência, eletrizadas em 


Watts ainda, agitam-se


Xingam! em língua tupi-guarani ou
ainda humanos 
Yanomami, 
Zumbindo por vezes, em espírito, tons estranhos do açoite: 
sombras de nós, à meia-noite.


Contudo se o sopro, não passar despercebido, tornado coisa vã   
Cante pra nós, essa estrelada manhã? 





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