A delicadeza
quando se diz dela
é por ter algo de sério
ou que nos envolve, nos quer ativos
todo ouvidos
na delicadeza, há a permuta
do que se está sentindo
escutando por dentro o por fora dos ouvidos
com folha, varetas e linha
tudo tão frágil e a disposição
o vento sopra forte e os carregaria para longe
se não fosse a delicadeza firme, como resultado de uma aproximação
alçar voo, na imaginação e no real
agrupando forças em relação
forças da relação
que recortam e colam, o que mantém-se afastado por sinal
sabemos como a pipa vai longe ao final
se alinha nos gestos como resultado
do talvez, que puxa e repuxa, que colore o sim e o não
"dibica" de um lado pro outro, com um passo ousado, no gesto seguro da mão
a delicadeza é firme, vibrante, concreta e passeante
como é firme a inteção da reta, que ao longe vira curva
no tempo que é frouxo, cantarola um si bemol
se irrompe em nuvem, em sol, em chuva
a dureza é que a pipa avoa
a moleza é que a gente erra
pois por certo também é nisso: se acerta, se desconcerta
inventando uma rabiola - outro dia pra ficar à toa, na boa
e a delicadeza: como que ela faz? pra quê insistiria?
mão a mão, trabalhadeira, oscila segura, de uns pés no chão,
dela que se permite contar, não resistiria não
como a leveza da alegria
delicadeza e firmeza não rivalizam não
há voar que nos encaminhe, que contagia,
que cuida de assentar o coração
pra quem sabe até sair batido: pra pegar outra pipa, que cairá no chão
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