Bosta de poesia?


Poesia?

É papel higiênico.

Tem pra todo gosto.

Há quem procure a maciez aveludada...

Que se arrebenta nas pregas, do outro jeito,

Aos mais bravios

Que toleram, cruelmente,

- e até com certo sadismo –

Os cortes rascantes no rego

Por um milimétrico papel de pão!

Quem vai preocupar-se

Com as sandices da mídia,

E o mau gosto desse jornalismo verdade,

Se já tivera às tripas, ao informe,

algo de maior urgência.

Limpa-se sem vergonha dos destinos

Proclamados aos ventos pelos jornais.

Até mesmo há, não esqueçamos,

Quem procure embalar a bunda

Com papel cheiroso,

Ao contrassenso do que o espera

Aflito ao roçar das mãos. 

Poesia, poesia se é poesia

Faz do cu a incômoda

Morada, para todas as gentes.

Poesia, se poesia é algo no mundo

Não é privada, mas multidão.

Se faz, cria-se por compulsão espontânea,

Se processa em papel higiênico,

Que embora haja quem vire o

O nariz, certas horas,

Profetizará o comum, sem demora,

Na hora mais escura e desesperada.

Enquanto os anúncios assépticos  

- dos best sellers –

Aguardam, Por nada,

Inertes no saguão.

 

Anônimo

Nenhum comentário:

Licença Creative Commons
Este obra foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 2.5 Brasil.