Sopro de Leões (para Ingrid)

Haverá cílios
voando pelo amanhã
mesmo para quem
não o alcança

desmanchados
dentes
que fizeram o sorriso
largo do agora

pela paisagem
loucos
rugidos
esbaforidos

aos tropeços
dos que se deitam,
na branca areia aos ruidos
ou nela caíram, incertos
dos motivos para a sua aterrizagem...

encontrar
ao vento
solto
a alma
em brisa

fazer de capa
a camisa
e da correria
um ponto
de rodopio para que
saia?

guardar em
memória
espalhando-se
e perdendo-se

da chegada

das ondas
na praia

ondas
de sonho
ondas
de sono
ondas
de gargalhadas

do que se ria?
em meio aos leões?...
no descuido das pegadas?

o acontecimento, deságua-se

jamais deixa de ser
a nossa mais
tênue e desejada
ameaça

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