Rir te lê

Ir
na marcha
oposta
ao seu duro dente
que rangia
que sorria
que mordia

na sua linguagem
cerrada
e
destrutiva

Enegrecida
ferida
que fomos

mas já não somos, nada somos...

somos sim, hoje,
o sopro de vida
no buraco
dessa tua cárie

ferida humana
sequela, inadvertida,
ainda
algumas
seguidas vezes
desejada
descuidada

Que não passará
em branco,
nem
se escondido
no arquivo
amarelado,
a vida tudo atravessa
ávida tudo ultrapassa

a dentadura

da história,
de quem
a perdeu

pode contar agora:
"Rir te lê".

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