Numa esquina de Copacabana
eu vejo o tempo que passa
acendo o cigarro que arde
à noite, enquanto o faço
um puro lançar de dados
enquanto te aguardo...
o quanto te aguardo...
te aguardo...
passar.
Passa por mim, aquele tempo, o arrepio
da brisa do mar de Copacabana
só
que isso não passa.
Lanço no ar a fumaça,
que se desfaz como o real
que não se dará.
A minha queda, não foi calculada
nem meu laço fora viciado,
é só a esquina, a brisa, e o aguardo.
A noite que envolve, sem recusas
a cair desse lance, amargo.
Será que censuro a tua colisão?
Será que eu comungo com o nada
essa passagem pelo bairro?
Será que o fogo acendido
pelo isqueiro, agora, abandonado
irá durar mais um... trago?
o que o cansaço nos trouxe,
como ele me trouxe até esse agora,
que passa?
Não deixei que outro se acendesse
respondendo ao apelo do encontro
Não cruzei-me com nada além
do passar daquela vadiagem
Minha estalagem
era o percurso
da rua nua,
do silêncio
sem procura,
da certeza de que
entre o cair e o lançar dos dados
sequer hesitei na sabedoria ali cavada,
na areia do tempo a nos dizer:
aqueles dedos, jamais se encontraram.
Um comentário:
que cenário de cinema. filme de um amor de silêncios, nas ruas do bairro mais quente da cidade purgatório da beleza e do caos.
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