A razão define a si e a outra razão,
como o próprio fio de um cabelo
encontra outro ao soprar dos ventos
e aquilo que ouve-se dizer como reto e justo,
tal qual a lenha absorve o verniz a recobri-la,
a ela adere-se superficialmente: fuligem e consentimento.
O entanto. Tal a mente inventa num cochilo em sono
sedutoras buscas, a razão é a mordaz cabeça
e para que envelheça, astuta, mantem-se fiel à nuca.
Atira misericordiosamente sobre si mesma,
o objeto certeiro, desferindo sob qualquer golpe
ou ofensa alheias, a prova do ridículo de alguma outra insistência.
A idade da razão é a da veleidade que se manteve
pois idealizada, mascarada, e encontrou sua melhor platéia.
Porém, caberia ao coração, cobiçá-la, apagar a potencia do encalço?
A irrazoável mão, audaz, que recobre pegadas na poeira,
recobre o pescoço sufocando o endurecido tronco da certeza.
Desliza suave, adivinhando alguns deslizes, perfurando a madeira
e o pulso enuncia aos fios, que o coração destoa,
que a razão é um fio solto, entre outros, loucos ao vento
e só o coração pode cruzá-los em tal delicadeza
que, ainda que fosse a ela, à trança, amarrada em exemplar piada
uma contrária hipótese, sua maior e mais pesada evidência...
manteria-se ali, suportada, implacável, ridiculamente falseada: suspensa.
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