Quisera,
a sinuosa língua
do calígrafo, encontrar
o ritmo de seu olhar
Porém قلم حبر Sherazade
Jamais é. E deixara, assim nada mais que
seu véu, em realidade
a fé anunciar
sob isso, a beleza de seus olhos
insinuar, das palavras pelo
tecido dançante
o sorriso de seu sussuro
duro, são os dias para o calígrafo
maduro seja o gesto de quem profetiza
escuro o tom da noite
como tão clara lua
acima da lâmina crua
abaixo a pele nua
que se tonou tua, manhã
2 comentários:
Amei!
"Lembro-me de ter lido, certa vez, um comentário de Décio Pignatari, em que ele chamava a atenção para o fato de, tanto em chinês como em tupi, não existir o verbo ser, enquanto verbo de ligação. Assim, o ser das coisas ditas se manifestaria nelas próprias (substantivos), não numa partícula verbal externa a elas, o que faria delas línguas poéticas por natureza, mais propensas à composição analógica.
Mais perto do senso comum, podemos atentar para como colocam os índios americanos falando, na maioria dos filmes de cowboy — Eles dizem "maçã vermelha", "água boa", "cavalo veloz"; em vez de "a maçã é vermelha", "essa água é boa", "aquele cavalo é veloz". Essa forma mais sintética, telegráfica, aproxima os nomes da própria existência — como se a fala não estivesse se referindo àquelas coisas, e sim apresentando-as (ao mesmo tempo em que se apresenta)".A origem da poesia, Arnaldo Antunes
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