Assim natura
não há como
se omitir
Emito: cores, traços, recortes retorcidos, colagens
Transposição
Com lâminas, mesmo enferrujadas
Pois enquanto as texturas
Tropeçam em minhas mãos
Colho: algumas verdades precárias
Veleidades extraordinárias
E minto, novamente
E de novo, e de novo
Ainda que pisando em ovos
"n" aspectos em meio ao que sinto
Aproximam ou me afastam do Mito
paixão situacionista
Decifro paisagens insistentes
Nos Sonhos, no Real, no Imaginário
Ai de quem disser o contrário
A iluminação é uma tal assinatura
Travessa aos olhares, para os que se calam
Recolho feixes luminosos
Que se refrataram de alguns santuários
flower A h e a d
A pétala do cabelo
é o fio que segue em frente
As cores vivas de sorrisos floridos
são pólen de um corpo inteiro
E enquanto você dormia
plantava
abria
crescia
Em virtude daquela beleza
desabrochava
iluminava
uma certeza
O cabelo das plantas
são raízes por um tempo
E num instante o inalcaçável
faz tremer o mundo inteiro
flower A h e a d
é regada com pressentimento
Leve Esboço II
desejo na eternidade
A vida, desvencilhando-se
da memória
as cores ora se empalidecendo,
ora se intensificando
as falas, visagens e sons
carregando consigo aqueles
que nos fazem
recriar o tempo
...numa oração com insanidade...
Mi casa, tua asa
que desvencilía-se do C
melindrando o abcdário
Essa casa,
santuário e perdição dos calendários
Alguma basta, pequena ou grande
jamais falha
Oo vôo é um só modo:
de arrevoar a serpente do desejo
Por vezes uma benção, noutras,
uma fornalha.
ei pássaro não será isso?
ao invés da janela
ui, com qual se esbarraria
ai! prefere rei a tua boca
canta contigo contido um cantado
fode a monarquia
oi uma pane
voando com uma pena
seu sangue correndo
o tempo anuviando...nuvens descendo subindo crescendo decerto sumindo
ou pra que pernas se ame se pasmem as perdas
insensibilizando se sinta a gangrena
ei pássaro não será isso?
aparar o reparo da cena
Xi... sarar a dor com mais doença
deixar a dália como asa do palco
peça outra persecutória pocilga
afunde o teatro improvável da crença
ei pássaro não será isso?
Ou eis forço o foco fazido
Ea ea assobio de dedos com um bico que ame o que lia
teclados na mesa do sopro da míngua
xinga a chance de chamar a chaleira
queira a língua e mente p’ra Amélia
ei pássaro não será isso?
Ui o gostoso no travessão canhoto
Ai alheio ao alento do choque mais belo
estoura o olho com a vizinha quando se depara com a dança
Atravanca a trança pela tranca da porta
Rapumsel já derrubou o castelo
o pássaro quis conquistar um paraíso
Mas Creonte navegava numa empresa capital
ah! Isso! é desvio atalhado no inverno
santos do dumond suou ontem: vê se quis um tostão?
galgar as gavetas grávidas de gravetos e deixar as
goelas magras das moedas do inferno
(to be continued)
Poesia das dez coisas
Olhando p´ra tivejo tudo que não
das coisas que são
a poesia
pra ser poesia
o que nela haveria
diz tudo de si
olhando p´ra ti
daí para mim você riria
se algo disso de um tempo
de mais um tempo p´ra cá
não se falaria...
e no retorno de um sim
se abolisse o pecado
p´ra fazer da poesia algo de nós
e vir em nós
até uma coisa
que desdobrando-se dela
nasceria
dentre as nove
que se vejam morridas
morrer de sede
de fome, morrer
morrer de sono
morrer da tristeza daquela partida,
de tanta saudade
morrer da chegada das coisas em seu tempo preciso
morrer de morte
matada
de morte morrida
morrer da morte
inventada
morrer de vontade
de escrever
poesia

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